Artigo

Meio urbano: uma paisagem desértica...


Por Manoel Jesus - educador (manoeljesus.blogspot.com)

Quem acompanha meus comentários sobre a relação do cidadão com o meio urbano conhece as críticas que faço a respeito do descaso e inoperância dos serviços públicos (diga-se, aqui, em especial, a Prefeitura). Andando pelas ruas da cidade, veem-se tapa-buracos que se desmancham e quebra-molas que se dissolvem, por exemplo. Sabe também que as exceções são os espaços mais humanizados, que dão um respiro para a população, feitos por parte da iniciativa privada, nos bairros planejados.

Embora possa existir - mas não se conhece - é preciso um plano de revitalização, um olhar sobre o futuro da cidade. Muitas obras tem a marca de administradores de 20 anos atrás, início do mesmo grupo que se mantém até agora. Quando planejaram, buscaram investimentos que vem, sonolentamente, se concretizando. Passaram cinco mandatos e, nos últimos anos, tivemos políticos relativamente competentes em "fazer ação partidária", sem serem administradores de visão que planejam os rumos do município.

Algumas áreas foram contempladas com núcleos residenciais junto a ruas que, no máximo, seriam auxiliares e acabaram transformadas em interbairros. A incapacidade de projetar os rumos da malha urbana despejou populações, levando pessoas a residirem em áreas em que se desenvolve o comércio e os serviços, mas estagnou o atendimento público. Sem o alargamento de ruas, reforço nos sistemas de abastecimento e, o que não é um luxo, mas sim uma necessidade: espaços verdes de sanidade mental.

Um dos elementos desprezados tem sido o do meio-ambiente: em tempos em que o aquecimento global se torna uma realidade, está faltado o plantio de árvores de sombra. Alguns vão me acusar de atrasado. Por quê? Não teremos outras temporadas de verão calcinante, como se teve nos últimos anos? Eu, ao menos, não sei de nenhum programa de plantio de árvores em ruas, avenidas, parques e praças. A carência é tão grande que a população procura sofregamente espaços ao ar livre para o convívio e atividades físicas.

Planejamento é uma palavra repetida à exaustão e pouco praticada. Ao menos naquilo que ultrapassa a venda de uma suposta competência para chegar ao poder e usufruir dos seus benefícios. Algo que se vê com inveja em localidades do próprio estado, onde se mira a ampliação do espaço urbano com tudo o que já se falou e mais, criando bosques, por exemplo. Os problemas acontecem porque não se cuida e fiscaliza. Não basta atirar para o cidadão a responsabilidade pelas calçadas, sem uma política de cooperação.

Em muitas ruas, tem-se uma autêntica paisagem desértica... Humanizar o meio ambiente urbano pressupõe o convívio com elementos da natureza. Não apenas com aqueles que são ornamentais, de rápido atendimento para supostas necessidades estéticas, mas com pífios resultados para que o cidadão possa usufruir e beneficiar-se. Além da preservação de áreas naturais que possuem funcionalidade, como os banhados e sangas, a competência administrativa está em oferecer ao cidadão aquilo que dá gosto de viver como sendo um lar, sua comunidade, a cidade onde nasceu e optou por viver.

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